domingo, 7 de junho de 2009

Universo masculino: movimentos e interferências

Um assunto vem aterrorizando o inconsciente coletivo ultimamente, principalmente o inconsciente masculino. O causador foi a aparição do estilista americano Marc Jacobs de saias. Sim, saia mesmo: estilo envelope, lisa e preta, estilo tradicional. Uma saia vestindo um homem! Polêmico, mas Jacobs não foi, nem é o único a utilizar saias ou fazer experimento com elas. O registro mais tradicional e clássico que temos são os kilts, as famosas saias dos escoceses. Na antiguidade, era a roupa dos homens comuns; na Roma antiga, dos poderosos e másculos gladiadores; até a nobreza e o clero se utilizavam das saias e batas-vestidos. Esses são os registros históricos. Hoje, nomes como Jean Paul Gaultier, Comme des Garçons, Yohji Yamammoto e Thom Browne, em algumas de suas coleções já interpretaram o clássico feminino para o guarda-roupa masculino. No Brasil, no ano de 1956, o artista plástico Flávio de Carvalho desfilou pelas ruas uma versão abrasileirada da peça em uma performance-experimento. Estilistas nacionais como Alexandre Herchcovitch, João Pimenta e Mário Queiróz, também, já realizaram algumas brincadeiras com a peça. Ok, tudo bem, são experimentos no mundo fashion. Por enquanto. Em um rápido passar de olhos, até parece o início de uma segunda revolução feminista, ou uma nova tendência metrossexual. Até pode ser, mas a preocupação com a aparência, a estética e com coisas ditas femininas não vêm de agora. Tomando como referência o metrossexualismo, o qual foi uma questão que causou certo incomôdo em seu início, tracemos um paralelo: o enaltecimento da imagem, a preocupação com o eu e a apresentação pessoal data do dandismo (movimento de antimoda masculina no século XIX). Os dândis eram homens elegantes, de extremo bom gosto, intelectuais, sedutores, exóticos, excêntricos e por vezes escandalosos. O que estes homens não conformados com os padrões estéticos da época buscavam era uma redefinição da estética em voga, contra a ostentação e rebuscamento dos trajes daquele período. Esse movimento acabou por originar um novo arquétipo do homem urbano, sem abandonar os cuidados com a estética e a busca da beleza. Esse novo homem, com as interferências do progresso, da necessidade de todos os homens trabalharem, não importando a classe social, trouxe uma série de modificações para o vestuário masculino. O resultado destas modificações, de modo geral, se apresenta no dia-a-dia do homem urbano atual. A moda masculina possui um ciclo de renovação mais lento, porém, atualmente esse ritmo está mais acerelado, propondo experimentações e modificações, modificações sutis e bem construídas. Se compararmos com o universo feminino, a moda masculina se mostra mais clássica e duradoura, ainda hoje não se compara com a ciclicidade e efemeridade impostas à moda feminina. Vemos uma grande evolução na moda masculina: uma vasta gama de opções, estilos, liberdade de escolhas e experimentações. Se gostar, por que não? Quantas coisas não eram restritas a apenas um gênero e hoje fazem parte de outros universos. Por exemplo, há algumas décadas atrás, a imagem de uma mulher de calças era impensável, agora faz parte do dia-a-dia. É tudo uma questão de hábitos e cultura.

Dândis - Chanel Inverno 2009

Mário Queiroz Inverno 2009

Mário Queiroz Inverno 2009

Do Estilista Inverno 2009

Auslander Inverno 2009

Mário Queiroz Inverno 2009

Comme des Garçons Inverno 2009

Marc Jacobs

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