quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

REvolução Masculina


Ao se falar de moda, de vestuário, palavras essas que para muitos remetem a um universo dominantemente feminino. Os homens “não” são inseridos nesse universo de glamour, tendências e novidades, novidades e novidades. Mas quem disse que nada ocorre no universo masculino? Mudanças estão sempre ocorrendo, novos ciclos se iniciam, porém este é um processo de transição mais lento no cotidiano masculino.

O homem moderno possui um dia-a-dia mais dinâmico, não dispende horas e horas se arrumando. Tem um comportamento mais voltado para o trabalho, acompanha o ritmo desenfreado da sociedade moderna e capitalista. Assim, a moda masculina passou a ser austera, prática no vestir e no arrumar.

Alguns séculos atrás, ainda o homem se vestia com pompa e frivolidade, valendo-se assim de status. Isso ocorria em uma época totalmente adversa, onde a sociedade exigia um estilo de vida diferenciado, onde os homens abastados não precisavam se dedicar ao trabalho. Conforme a evolução deste modo de vida, e da necessidade do homem de inserir-se no mundo com seu trabalho, a ostentação e o padrão de vida do homem passaram a ser quesitos da mulher da família, através de jóias, roupas e pompa.

A moda masculina adaptou-se a inúmeros processos, demonstrando seu mérito. Tamanho mérito, que influenciou fortemente e ainda influencia a moda feminina, a qual é considerada o grande vetor do mundo fashion. Distingue-se assim, como a moda é influenciada diretamente pelo contexto social e cultural de cada época.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Na trilha das Índias


Por falar em tendências... uma das macro-tendência para o verão 2009 é o étnico, apostando fortemente nesta proposta, a TV Globo investiu no tema “Índia”. É no mínimo engraçado como a televisão, especialmente esta emissora, consegue difundir tantas tendências e de maneira tão veloz, possui, até mesmo, o grande poder de influenciar o comportamento dos espectadores. Moda é comportamento e, também, cultura. Cultura faz parte da moda, assim como a moda é reflexo das culturas. Sendo assim, proponho-me a assinalar alguns aspectos da cultura indiana, e, claro, apresentar algumas peças da indumentária indiana.
Para esta cultura cheia de símbolos a aquisição de conhecimento e a remoção da ignorância são fundamentos. A ignorância representa a escuridão e o conhecimento a luz. Estes conceitos são simbolizados pela figura de uma lamparina, a deepak.
A sílaba “Om” é o som da meditação. Entoado no começo de todos os mantras, é o som da criação, representa o poder de Deus. Sempre presente em muitas imagens, a flor de lótus, possui um significado muito forte: esta linda flor cresce na água pantanosa, e mesmo assim não é afetada por ela. Assim como a flor nós devemos ficar acima do mundo material, apesar de nele viver. A swastica, um símbolo que no ocidente é relacionado ao nazismo, na verdade é uma benção, representa a auspiciosidade, bem estar e prosperidade. As divindades, são as muitas manifestações de Deus. E com seus vários braços, indicam as direções, a maioria indica os quatro pontos cardeais. Não há dúvida de que a religião rege muitos povos, e é, também, sua forma de expressão. Para o povo indiano, a literatura e poesia, assim como a arte, a pintura e escultura, que fazem referência às tradições e mitos, são formas de se conectar com o divino.
Além dos símbolos, muito forte na Índia é o cinema. Os indianos possuem um estilo próprio, o cinema bollywoodiano. “Bollywood” provêm de Bombay, o qual é o principal centro cinematográfico da Índia.
Muito colorido, mais e mais tecido, detalhes minuciosos, assim poderia ser resumida a vestimenta indiana. Na indumentária, o sari se destaca no mundo. É uma das mais antigas formas de vestimenta da mulher indiana, e a mais popular. O sari é o drapeamento de um tecido, vestido junto uma blusa. É uma peça muito sensual, pois ao mesmo tempo que cobre o corpo, revela as curvas do corpo femino. A princípio, um sari parece igual ao outro, mas eles se diferem no modo de amarrar, revelando uma região de origem diferente. No caso dos turbantes, uma maneira diferente de amarrar, representa uma religião diferente. Para as mulheres, outra peça importante é o Salwar Kameez: conjunto com motivos indianos bordados à mão. Para as indianas, é constante o uso de xales e estolas, em tecidos leves e coloridos. Os homens, assim como as mulheres, possuem uma roupa tradicional, o Kurta Pajama. Confeccionado em algodão ele se torna um pijama, já em um tecido como a seda, ele é utilizado para cerimônias formais. Os homens, também, possuem o sari, porém em uma versão masculina: o dhoti, um tecido comprido enrolado no corpo masculino.
Um país de contrastes, um povo colorido, místico, conservador, progressista, moderno, antigo... a Índia possui uma identidade cultural única.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A efemeridade humana

Acordar para mais um dia e procurar seu “eu” de hoje no armário. Essa é a nossa rotina com nós mesmos. Como me sinto hoje, o que quero, o que não quero, como isso transita entre o nosso interior e exterior se reflete no comportamento, modo de agir e de vestir. É um processo cíclico. A moda é reflexo da efemeridade humana, reflexo dos seus desejos e necessidades.

O processo de renovação da moda além de ser um resultado das mudanças das estações, acompanha as manifestações da natureza humana. No calendário de moda, as coleções de inverno e verão deixam de ser as exclusivas. Lançamentos de meia-estação e mini coleções vêm se firmando, uma renovação cada vez mais rápida está acontecendo. Esse desejo por novidades, de recomeço se faz cada vez mais presente nas pessoas. Esse movimento de mudança rápida é que faz do ciclo da moda efêmero e transitório.

A moda acompanha essas transformações, e antecipa o surgimento desses valores nos lançamentos de novas coleções. O comportamento das pessoas é efêmero, comportamento é moda, logo a moda é transitória.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Corpos Estranhos



Pare! Preste a atenção. Observe esses corpos estranhos: você, quem está do seu lado, a pessoa à sua frente. Até que ponto a estética é tão importante assim? O quanto vale se sacrificar para manter uma aparência?

A artista francesa, Orlan, fez do seu corpo arte. A partir de 1990, apropriou-se da cirurgia plástica e de seu corpo como suporte de sua produção. Seu trabalho é a representação do processo cirúrgico e do que ele significa. Sua arte se refere ao corpo, à sua imagem enquanto corpo, ao corpo em si e a relação da pessoa com seu corpo. Critica o desejo e identidade corrompidos pelo comportamento consumista e auto-destrutivo. Seu trabalho com um tom irônico e teatral, demonstra os limites do corpo-sujeito.

Essa corrida desenfreda a fim de adaptar-se a padrões estereotipados tem seu preço. A arte carnal representada por Orlan é opositora à essas pressões sociais. A liberdade individual é afirmada e reafirmada nesse contexto, o conteúdo em detrimento do rótulo. A importância e significação do processo são visadas, não o resultado final. O processo de como é construida a identidade de cada um é o que deve ser valorizado.