sexta-feira, 8 de maio de 2009

Do arquivo IV (final)

Quarto dia, Eixo 2: Antropologia e Consultoria de Imagem


O último dia tem início. Marcado por muitas abstenções e atrasos. O grupo de trabalho “Teorias de Moda: Ciências Humanas e Sociais” foi composto por apenas duas autoras. Apesar das faltas, foi bastante proveitoso, discutindo-se moda e sua multidisciplinariedade.
Maria Luisa Célia Escalona de Dois apresentou um “Estudo antropológico sobre a noção de estilo nas publicações de moda” . Através de uma análise das questões de moda apresentadas em revistas, Maria relacionou de que maneira os símbolos e conselhos publicados são utilizados pelas leitoras, de que forma elas entendem e percebem esses códigos.
Em “Moda e Modas: modelos teóricos comparados”, Mercedes Lusa Manfredini apresenta um estudo sobre o ciclo de difusão da moda teorizados por estudioso de diferentes áreas, demonstrando a multidimensionalidade da moda.
Essa foi a grande questão levantada e discutida: a multidisciplinariedade da moda, não a moda vista somente como vestimenta, mas o conceito moda. Como a moda está inserida em diversas áreas e como diversas áreas se apropriam da moda. A moda está em tudo e tudo está na moda.

Do arquivo III

Terceiro dia, Eixo 5 – Comunicação e códigos

No eixo cinco das comunicações orais a temática foi “Moda e Comunicação”. A relação da mídia e a comunicação de moda foi apresentada em sete diferentes trabalhos.
Ana Maria Amorim Mitidieri apresentou uma contextualização do vestido de noiva e sua significação nas diferentes épocas. Finaliza, concluindo que hoje há uma resignificação desse vestido, pois o vestido branco de casamento possui um significado diferente de quando vestido pela Rainha Elisabeth, como sinônimo de força e poder.
Yara Eleodora Vasconcelos Teixeira, autora de “Emperiquitados e Engomadinhos: Um estudo sobre a moda e o consumo infantil”, trás seu olhar sobre a roupa infantil da década de 80. Constata a influência dos meios midiáticos quanto ao comportamneto de consumo, e como este meio, a partir da década de 80, influenciou fortemente a antecipação das idades e decretou um fim precoce da infância. Um trabalho que trás um estudo histórico e uma análise bem estruturada do contexto em que se deu a expansão desse movimento, traçando um pararelo com a conjuntura atual.
Lu Catoira, também, desenhou este paralelo. Seu trabalho trás uma reflexão sobre o movimento jovem do ano de 1968, e como 40 anos depois, esse movimento ainda tem repercussão e relevância para a cultura jovem e a na moda. Um texto repleto de referências e relações bem observadas.
Luciane Glaeser e Cleide Floresta desconstroem um visão simplista do “Neutro”, trazendo esse pensamento para um universo de ambigüidades, e transportam essa idéia para o universo da moda. Ao final, materializam essas conexões na figura do jeans.
Apresentando o fenômeno fashion das primeiras “ecobags”, Marilei Catia Fioreli põe em discussão a validade da preocupação ecológica em ações guiadas pela mídia.
Daniela Aline Hinerasky analisa, também, essa influência que mídia no produto SPFW. Classifica o evento como um espetáculo comercial, e expõe o fato de diferentes mídias se apropriarem desssa notícia através de uma lógica midiática própria do veículo. O como cada mídia se utiliza dessas informações do modo que melhor lhe aprouver e que seja de seu interesse, objetivando seu público-alvo.
Encerrando, Diego Andia de C., Cecília de Paula de Souza L. e Carla Alessandra Palmieri apresentaram um projeto diferenciado de canal de comumicação. A proposta é um portal on-line sobre moda, denominado Closet.
Assim, finalizou-se mais uma rodada. Duas autoras não estavam presentes neste eixo.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Do arquivo II

Segundo dia, Eixo 4 – Design ergonômico e identidade

As comunicações orais do eixo quatro possuiam como temática o design e os processos de criação e produção. Os trabalhos apresentados abordaram principalmente a antropometria e a técnica de moulage. A importância do conhecimento do corpo e o respeito a sua forma anatômica, produzindo conforto, foi um aspecto bastante debatido. Com a disponibilidade de um tempo conciso para a exposição dos projetos, três trabalhos tiveram destaque. Sobre os mesmos, faço breves comentários a seguir.
“Estabelecendo um metodologia para medição do corpo humano”, autoria de Flávio Glória Caminada Sabrá, Cristiane Souza dos Santos e Patrícia Martins, tem como base o projeto de medição antropométrica, realizada pelo Senai/CETIQT, a fim de construir uma tabela de medidas única para o país. Flávio ressalta ser de grande importância entender o público, investigar esse corpo, e seus desejos.
Yaeko Yamashita expôs em “A Moulage como processo criativo do estilista contemporâneo”, o processo de trabalho envolvendo a técnica de moulage. A moulage faz parte da moda contemporânea, explica, também, que esse processo de construção possibilita agilizar o desenvolvimento das peças.
Em “A moda Brasileira; uma avaliação sobre a busca da essência nas criações internacionais”, as autoras Jaqueline Morbach e Tais Rissi, expuseram a relação da moda brasileira com a moda internacional, a condição do mercado nacional de copiador e não lançador de moda com uma identidade própria. Algumas dificuldades presentes nesse terreno nacional da moda, faz com que a base das pesquisas de tendências sejam européias e americanas, dificultando a o desenvolvimento de um design com identidade brasileira.

domingo, 3 de maio de 2009

Do arquivo I

Segundo dia, Eixo 3: Subjetividade, História e Aparências

Começando com um certo atraso em função da localização do auditório, iniciou-se o grupo de trabalho “Moda, Processos de Criação e Produção de Subjetividade”, comandado pelo simpatia de Rosane Preciosa e Cristiane Mesquita. Construindo a discussão um grupo multidisciplinar constituido por designer, pesquisadora, historiadora, arquiteta e figurinista, composto por Rita Andrade, Cristiane Mesquita, Lia Marcia Borges de Abreu, Rosane Preciosa Sequeira e Beatriz Ferreira Pires. Apresentando diferentes interfaces, propondo a discussão, gerada através da inquietação, da intervenção, construindo assim conhecimento. Um local que mobilize questões e gere formas escritas de pensamento, Rosane introduz o GT.
O grupo inicou com a exposição de Rita Andrade, com o título “Biografia Cultural das Roupas”. Sua tese partiu do estudo de um vestido parisiense datado de 1927, doado ao museu Paulista. O direcionamento do estudo não se deve ao testumunho de época que o objeto possui, mas sim pelas histórias que carrega. A investigação deve desdobrar-se para além da interpretação do momento de criação do objeto, deve-se relevar sua circulação social, as intervenções pelas quais passou, todos os momentos de construção. Esses vestígios fazem parte da interpretação do objeto, seu papel dentro da história. Este objeto não está no passado, mas sim no presente, não vestindo, mas sensibilizando.
Não estava programada, mas foi uma grande surpresa a apresentação da arquiteta Beatriz Pires: “Corpo – de objeto passível das mais diferentes formas de representação a suporte passível das mais diferentes linguagens”. Beatriz trouxe à discussão a arte Boby Modification, colocando o corpo como suporte passível das mais diferentes linguagens. Propõe duas correntes para essa apropriação: inserir-se no contexto contemporâneo, onde a plástica é um dos meios de transformação; ou, pela diferenciação, procurando uma estética diferente das formas inatas, humanas. Beatriz trouxe algumas imagens que ilustram esse movimento a fim de representar a busca dos adeptos do Body Modification por novas experiências através do próprio corpo. Essas transformações provocam um grande estranhamento. Eles procuram aprender o mundo de forma total através destas experiências com o corpo. Há dor sim, mas aprendem a controlá-la, “sentir” a dor (para nós) é diferente de observá-la (para eles), pois toda a dor é uma ruptura física e espiritual. É uma ruptura da identidade coletiva, desse corpo humano que nos identifica e aproxima como homens.
A seguir Lia de Abreu apresentou “Produzindo Figurino”. Lia coloca o figurino como processo de criação, transformação, reapropriação, retrabalhamento de códigos e representação. Numa relação moda versus figurino, a moda se preocupa na confecção de peças, no “em série”, enquanto o figurino confecciona a peça, executa um trabalho único. Possuir de uma função representativa necessita de um tratamento especial e de vivência das peças, cada roupa precisa ser trabalhada, um figurino não comporta peças “novinhas”, vazias. Ambas se aproximam na preocupação com a produtividade, vestibilidade e custo. “Transformar é a alma do negócio”, ressalta Lia. Enfatiza que é importante possuir um olhar para as diferenças, entender o por que, o como e onde aconteçem “as coisas”.
“Biopolíticas da Aparência”, um recorte da tese de Cristiane Mesquita, propõe o corpo como locus subjetivo, a aparência e constituição de si. É importante pensar o corpo. Nesse “aparecer”, todos possuimos redes estratégicas de poder, todos somos emissores e receptores desse poder.
A fala de Rosane Preciosa abordou “Considerações sobre moda e memória”. O trabalhou abordou a questão da memória revisitada, a incessante volta ao antigo por parte da moda. Um passsado renovado, reciclado ao gosto da época, mas com fins comerciais, “tratam-se de memórias inventadas”, afirma Rosane, há a comercialização de modos de vida. Em épocas de incerteza, nos voltamos para nós, para nossa memória, que é o campo seguro. Alerta que “supervalorizar a memória pode indicar falta de perspectivas para o futuro”.
Após a exposição dos participantes, foi aberto um espaço para discussão temática. Encerrando a manhã com colocações, trocas e bom humor.

sábado, 2 de maio de 2009

Revirando o Arquivo

Sim, "arquivos" sempre são úteis, ainda mais aquele velho, bom e surrado caderninho de anotações, que pelo menos eu tenho o custume de levar para cima e para baixo.
Dias 11, 12 e 13 de maio acontece por aqui o Moda Insights, um ciclo de palestra e mesas redondas sobre moda. Sobre esses eventos, revirando o arquivo, achei um documento com textos meus sobre o Colóquio de Moda 2008, fiz a cobertura de algumas das palestras durante o evento. Irei postar uma série de alguns desses textos (quatro ao todo, divididos por dia), são mais de caráter jornalístico, mas acho válido divulgar as idéias apresentadas, que podem, no decorrer da tragetória de cada um, virem a ser muito úteis, seja como fonte de pesquisa, fonte de inspiração ou a simples reflexão.